Por que será que os olhos do cachorro brilham no escuro? Confira como é a anatomia do olho de um cão e entenda como funciona sua visão!
Na luz natural, conseguimos olhar todas as cores e detalhes dos olhos de nossos cachorros. Embora seus olhos possam ter uma variedade de cores, eles são todos modelados delicadamente e não possuem nenhuma bioluminescência natural. Por esse motivo, pode ser estranho ver os olhos deles brilharem de vez em quando como uma criatura assustadora. Isso geralmente acontece com pouca luminosidade, adicionando estranheza e até nos fazendo pensar se os cães podem enxergar no escuro. Podemos nem mesmo ver os olhos do cachorro brilhando até olharmos para uma fotografia que tiramos.
Aqui no DiáriodosPets, perguntamos por que os olhos do cachorro brilham no escuro? Respondemos a essa pergunta observando a anatomia do olho de um cão e entendendo como funciona sua visão.
A visão dos cachorros
Os cães usam vários sentidos para navegar em seu mundo. Esses animais são conhecidos por sua acuidade olfativa, com um olfato até 100.000 vezes mais apurado do que o de um ser humano. Embora possamos estar cientes de que um cão pode ver, podemos não saber muito sobre sua acuidade visual.
A capacidade de ver é o resultado da interação entre o olho e o cérebro depois que o estímulo da luz incide sobre o primeiro. É o mesmo processo essencial para os cães, gatos e muitos outros mamíferos. A luz entra nos olhos através da córnea nas pupilas, o quanto é permitido ser controlado pela íris (ou seja, a parte colorida do olho). É devido à íris que podemos ver as pupilas do cão aumentar e retrair de acordo com a quantidade de luz recebida.
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Para a capacidade de visão do cão, a luz viaja pela pupila após ser focalizada pela lente do olho. Os raios de luz passam pela parte vítrea do órgão ocular até atingirem a retina. A retina recebe a imagem e a envia através do nervo ótico para o cérebro.
A retina é uma superfície ocular interna que consiste em um tipo de tela orgânica. Nela, encontramos inúmeras terminações nervosas sensíveis à luz e que podem ter formato de bastonetes ou cones. Essas terminações são chamadas de fotorreceptores e detectam os pontos de luz que entram pela pupila e os enviam ao cérebro.
A interpretação desses conjuntos de informações luminosas dá origem às imagens que vemos. Eles agem como uma câmera que registra imagens através da lente para serem atualizadas pelo cérebro.
Qual é a diferença entre a visão humana e dos cães?
Na visão humana, cerca de 90% dos raios de luz que entram pela pupila perdem intensidade ou são desperdiçados. Os fotorreceptores da retina também não captam muitos deles, pois afetam o espaço cego entre as terminações nervosas. Isso explica porque a nossa visão noturna é bastante ruim. Isso provavelmente se deve à falta de necessidade evolutiva, já que os humanos são capazes de usar o fogo e outras fontes de luz artificial há milênios.
Cachorros e gatos tiveram um caminho evolutivo diferente. A domesticação de cães é relativamente recente, com as evidências mais atuais sugerindo que ocorreu pela primeira vez há 23.000 anos. Como esses animais não tiveram as mesmas adaptações que os humanos, tiveram que desenvolver as suas próprias. Uma dessas características evolutivas é o desenvolvimento de um sistema para minimizar a perda de luz em sua visão.
Atrás dos fotorreceptores dos olhos de um cachorro há uma superfície chamada ‘tapetum lucidum’. Este pedaço de membrana reflexiva fica atrás da retina do olho e atua como uma superfície espelhada que envia a luz de volta a retina. Por esse motivo, é conhecido como um tipo de retrorrefletor. Isso significa que há menos perda de luz à medida que a luz adicional reflete de volta para a retina, criando uma imagem mais nítida.
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Ao contrário dos humanos e primatas, a maioria dos mamíferos possuem uma pupila alongada verticalmente. Os cães também têm esse tipo de pupila, o que significa que eles piscam verticalmente, quase como se abrissem e fechassem as cortinas. Esse tipo de orientação pupilar permite a entrada de maior quantidade de luz, principalmente à noite ou em ambientes com pouca luz. É por esse motivo que você pode ver as pupilas de um cachorro se contraírem quando acendemos as luzes ou dilatarem quando há menos luz.
Os cães também precisaram dessa adaptação para que pudessem sobreviver melhor em ambientes selvagens. Como precisavam capturar presas e evitar se tornar presas de predadores maiores, o ‘tapetum lucidum’ permitia que eles enxergassem melhor no escuro. Isso permitiu que pudessem identificar presas em potencial para ataque e fugir de predadores.
Por que os olhos do meu cachorro brilham no escuro?
A resposta para essa pergunta pode até mesmo parecer engraçada. Embora pareçam ter luz própria, os olhos de um cachorro não brilham no escuro. Certos animais que têm a capacidade de brilhar no escuro o fazem graças a um fenômeno conhecido como bioluminescência. Essa é a capacidade do organismo vivo produzir sua própria luz, algo observado em vaga-lumes, certos tipos de águas-vivas e outras espécies. É graças a uma reação química que resulta na emissão de luz.
Os cães não são um tipo de animal bioluminescente. Eles não podem produzir luz por conta própria. Embora possa parecer que os olhos de um cachorro brilham no escuro, o que realmente está acontecendo é o reflexo da luz do tapetum lucidum. Essa reflexão cria uma fonte de luz relativamente fraca, o que significa que não podemos vê-la em espaços muito iluminados. Porém, em ambientes pouco iluminados, o reflexo da luz aparece mais forte no contraste, dando a aparência dos olhos estarem brilhando no escuro.
Esta é a mesma explicação do porquê os olhos dos cachorros brilharem nas fotos. Quando tiramos uma foto de um cachorro com o flash ligado, o tapetum lucidum costuma ser uma das superfícies mais reflexivas na imagem resultante. Isso significa que os olhos refletem a luz do flash e parecem muito mais brilhantes. Também pode acontecer em fotos sem flash, dependendo da fonte de luz.
Referências
1. Perri, AR, Feuerborn, TR, Frantz, LAF, Larson, G., Malhi, RS, Meltzer, DJ e Witt, KE (2021). Domesticação de cães e a dupla dispersão de pessoas e cães nas Américas. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America , 118(6) , e2010083118.
https://doi.org/10.1073/pnas.2010083118;